quinta-feira, 1 de maio de 2014

Trabalho que faz a diferença

Com 6,5 toneladas de lixo recolhidas e 91 profissionais já capacitados, projeto patrocinado pela Petrobras quer reduzir em 50% o volume de resíduos descartados no Rio Tigre


A beleza da paisagem ainda tenta resistir em meio à sujeira de um dos pontos críticos do Rio Tigre, em Erechim. O local poderia estar até mesmo em um roteiro turístico, não fosse a degradação provocada pela falta de preocupação com o meio ambiente. São toneladas de roupas agarradas às arvores. Nas margens, garrafas pet acumulam-se em pontos localizados. 

Para a agricultora Rita Poletto, de 73 anos, que tem sua propriedade às margens do rio, é uma situação revoltante e ao mesmo tempo desoladora. Ela, que mora no local há 50 anos, recorda com saudade dos momentos de lazer que pode aproveitar com os familiares. “Tomávamos banho no rio nas tardes de domingo e no fim do dia vínhamos pescar”, conta. Agora, nem os animais podem beber a água do Rio Tigre. “Não temos mais peixes. É um rio morto”, lamenta.

De acordo com dona Rita, a poluição do Rio Tigre começou junto com o crescimento populacional. Os primeiros resíduos observados por ela foram as garrafas, depois as roupas, eletrodomésticos e hoje são descartados os mais variados objetos. “Quando chove, o rio enche bastante, a cada ano mais. Com isso vem muito lixo, muito mesmo”, afirma. “Sinto uma revolta, pois o povo precisa se conscientizar e não jogar o lixo no rio”, fala.

O que Rita relata é a realidade que o Projeto Rio Tigre quer mudar. Com a meta de reduzir em 50% o volume de resíduos depositados no rio, a equipe técnica com o apoio de voluntários tem multiplicado ações de limpeza e educação ambiental. No último sábado (26), foram retirados mais de 800 quilos de lixo do trecho localizado na propriedade de dona Rita. “A quantidade de resíduos depositada é bastante impressionante. O que observamos é uma total falta de preocupação com o meio no qual vivemos”, destaca Nina Rosa Zanin Zanella, bióloga e educadora ambiental.

Em menos de três horas de trabalho, o grupo retirou do local peças automotivas, roupas, móveis, garrafas pet, tapetes e tantos outros materiais que deveriam ter uma destinação bem diferente. “O que fazemos é um trabalho forte e persistente. Nossa determinação é importante, pois só assim vamos conseguir obter resultado”, destaca Nina.

Apenas neste ano, o trabalho realizado pela Eloverde, dentro do projeto patrocinado pela Petrobras, já contabilizou a retirada de 6,5 toneladas de lixo do Rio Tigre.

Duas redes de contenção de resíduos já foram instaladas em locais considerados críticos. Ao todo, serão quatro pontos monitorados semanalmente.

Em paralelo a isso, o Projeto promove um curso em Gestão e Educação Ambiental, que já capacitou 91 profissionais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Neste mês, mais uma turma iniciará às atividades que devem render grandes projetos de sustentabilidade em escolas e empresas. Os artigos deverão ser publicados em um livro.

Para a presidente da Eloverde, Quéli Giaretta, as atividades são essenciais, pois dão continuidade a um trabalho iniciado em 2010, com resultados efetivos. “O que nos motiva a ir além é mostrar que há soluções que podem fazer parte das políticas públicas do município de Erechim e que gostaríamos de contribuir”, destaca.

A próxima ação de limpeza já está agendada para o dia 10 de maio, com o grupo da Olfar. Já no dia 17 será a vez da academia Wellfit juntamente com a Pódiun Sports.


Reunir amigos, familiares e conhecidos e formar um grande grupo é a melhor forma de colaborar com as atividades de limpeza do Projeto Rio Tigre, que integra o Programa Petrobras Socioambiental. Nas ações realizadas pela Eloverde, todos usam Equipamentos de Proteção Individual. Eles são indispensáveis devido ao nível de contaminação do Rio Tigre. Além de fazer a limpeza, conhecer os pontos críticos e acompanhar a instalação das redes, os grupos também participam de uma palestra antes de iniciar os trabalhos. É desta forma que eles conhecem a importância do Rio Tigre para o município.

Segundo Lidiane Bernardi, gestora ambiental e coordenadora da ação de Educação Ambiental, este momento é indispensável, pois esclarece e motiva os participantes para a realização do trabalho, trazendo dados da realidade local.

Entenda

-Como funcionam as redes de contenção?
As redes de malha de oito milímetros de nylon foram anteriormente medidas de margem a margem do rio e suspensas em cabos de aço flexível, que possibilita formação de uma bolsa de contenção de resíduos naquele ponto.

-Que equipamentos de proteção são utilizados?
Todos os participantes das atividades de campo no rio, junto à Eloverde, recebem manguitos, luvas, botas, calças plásticas, colete protetor e boné. Também há material de primeiros socorros disponível para qualquer eventualidade.

-O que são considerados pontos críticos?
O trabalho está sendo desenvolvido em um espaço em transição entre o urbano e rural, além de serem pontos mais baixos em relação à montante. São locais de grande acúmulo de resíduos. Os pontos críticos foram definidos durante o Projeto Revitalização dos Rios de Erechim, que agora se concretiza a instalação das redes através do Projeto Rio Tigre.

Saiba mais

O Projeto Rio Tigre é uma continuidade do Projeto Revitalização dos Rios de Erechim, iniciado em 2010. Ele conta com o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.